sexta-feira, 24 de setembro de 2010

"BRASIL ENCONTROU O CAMINHO PARA O CRESCIMENTO", DIZ SCHWARTSMAN"

Para economista-chefe do grupo Santander, base mais sólida da economia deve permitir expansão sustentável do PIB de 4,5% ao ano

O próximo presidente do Brasil vai assumir em 1º de janeiro de 2011 um País que passou por um teste de fogo, com a crise econômica mundial, no qual poucas nações no mundo tiveram um saldo tão positivo, e que já mostrou que encontrou o caminho para o crescimento. Essa é a avaliação do economista-chefe do grupo Santander Brasil e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Alexandre Schwartsman.



Em entrevista exclusiva ao iG, o economista destacou que nesse período recente de expansão da economia do País foi possível criar um consenso na sociedade de que conviver com uma inflação descontrolada não é mais aceitável. “Isso já foi incorporado dentro da política econômica. E agora vamos trabalhar as questões para acelerar o crescimento como produtividade e educação”, disse.
Mas apesar dos avanços verificados, existem desafios importantes em várias áreas que precisam ser superados. “Do ponto de vista fiscal é preciso encontrar uma forma de fazer o setor público, que cada vez cresce mais, caber dentro do PIB. A contrapartida desse cenário tem sido a expansão da carga tributária. Isso acaba pesando sobre a nossa capacidade de crescimento e na nossa competitividade”, destacou Schwartsman.
Para ele, no curto prazo a inflação deve caminhar para uma trajetória de elevação que pode fazer com que o índice oficial encerre o ano acima da meta de 4,5% estabelecida pelo Banco Central. “As taxas de desemprego estão baixas se traduzindo em aumento de salários. Existem gargalos em alguns setores da indústria e na área de infraestrutura e à medida que não se consegue expandir a oferta por conta desses gargalos eles acabam exercendo algum grau de pressão de preços, mas não é algo dramático”, afirma.
Schwartsman argumenta ainda que o País deve encerrar 2010 com um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) próximo de 8%, muito em função do desempenho acumulado no primeiro semestre. Segundo ele, com uma base mais consolidada que em períodos anteriores, a economia deve apresentar uma expansão sustentável em torno de 4% e 4,5% ao ano, segundo as sua projeções.

 

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

AS GRANDES REDES E O PEQUENO COMÉRCIO VAREJISTA



Com a estabilização, o poder de barganhar preços e impor condições passou para o lado dos varejista. Contribuir para isso o processo de concetração das redes de supermercado. Em 1992, as cinco maiores redes geravam 27,7% das vedas. Em 2002, a proporção subira para 40,7%. As grandes empresas industriais, que já haviam feito cortes em seus custos desde o início da década de 90, começaram a perder rentabilidade devido às crescentes exigências das grandes redes varejistas: promoções de preços, propaganda cooperada, compra de espaço nas lojas, promotores e mercadorias grátis na inauguração de lojas.

A grande indústria passou ainda a enfrentar o crescimento das marcas próprias dos varejistas. No início de 2001, eram 12.854 itens embalados como marca própria, mais que o dobro do que havia em 1999. Além de fazer concorrência, esses itens ocupavam espaço na prateleira. As marcas próprias respondiam por 6% das vendas nos supermercados. Em 2003, deveriam chegar a 17%, movimentando 7,9 bilhões de reais.

Parte da distribuição dos produtos das grandes indústrias já haviam sido terceirizada para atacadistas e distribuidores. Com os impostos em cascata, os produtos chegavam a preços pouco competitivos nas lojas tradicionais da periferia e pequenos supermercados, frequentados por consumidores de baixa renda. De 1997 a 2002, esse foi o segmento que mais proliferou. O número de lojas com quatro ou menos caixa aumentou 35% nesse período, chegando a 52 mil.

Os pontos de vendas populares eram ideais para a introdução das marcas B. Na rede Econ, com 30 lojas para classe D na periferia do Brasil, as marcas principais ficavam expostas para que o consumidor fizesse comparações. De seus 231 fornecedores, 180 eram de marcas B.

As classes de baixa renda revelavam-se pouco fiéis a marca. Quanto a situação financeira ficava difícil, 43% das consumidoras optavam pela marca conhecida mais barata, mas 30% a substituíam por outro produto. Menos da metade das entrevistadas de uma pesquisa com classe C consumia a marca que seria sua primeira opção.

As marcas B também tinham a vantagem da informalidade. Estimava-se que no setor de refrigerantes, os informais já seriam responsáveis por quase um quarto dos 12 bilhões de reais faturados anualmente pela indústria. Com a carga tributária de 40% sobre uma empresa, não pagar imposto representa grande vantagem.