quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Inadimplência cai para níveis inéditos

Melhora no emprego e na renda da população têm reduzido as perdas dos bancos com parcelas não pagas há mais de 90 dias

O cenário econômico do País, que combina aumento no nível de emprego e na renda das famílias, associado ao crescimento do consumo, tem beneficiado os grandes bancos brasileiros não apenas pela demanda maior por crédito, mas pela queda da inadimplência, em níveis inéditos. “Os bancos têm conseguido emprestar com qualidade nas carteiras, recuperando boa parte do que emprestam. É um cenário muito benigno para eles”, afirma Victor de Figueiredo Martins, analista de bancos da Planner Corretora.
No Banco do Brasil, que divulgou ontem seu balanço do terceiro trimestre, as operações vencidas há mais de 90 dias atingiram 2,7% da carteira de crédito. Esse percentual, segundo o BB, é menor que os 2,3% registrados em todo o Sistema Financeiro Nacional (SFN). Nos empréstimos para pessoas físicas, a inadimplência acima de 90 dias passou de 5,2% em setembro de 2009 para 3,8%. Na pessoa jurídica, o desempenho é ainda melhor: caiu de 3,1% para 2,2%. “A perspectiva para a inadimplência é positiva”, disse Ivan Monteiro, vice-presidente de relações com investidores do BB.
Segundo o BB, por conta da qualidade das carteiras, houve redução nas despesas com provisões para crédito de liquidação duvidosa, que chegaram a R$ 2,6 bilhões no trimestre, com queda de 9,5% sobre setembro de 2009. No trimestre, o banco conseguiu recuperar 40,8% dos volumes anotados como perdas no período.
No Banco Santander, os atrasos acima de 90 dias caíram de 6,5% em setembro do ano passado para 4,2% do total das carteiras no terceiro trimestre de 2010. Nas operações de pessoas físicas, o índice de inadimplência passou de 7,9% para 6,2% na mesma base de comparação, enquanto as pessoas jurídicas responderam por uma redução dos níveis de 5,3% para 2,5%.
Carteira melhor

“Houve uma melhora na composição das carteiras. Isso é derivado de um entorno favorável da economia”, afirmou Carlos Galan, vice-presidente do Santander, durante a divulgação do balanço. O banco elevou seu indicador de cobertura para atrasos superiores a 90 dias em 25 pontos percentuais, de 108% no terceiro trimestre de 2009 para 133%.
No Bradesco, a taxa de inadimplência caiu para 3,8% do total das carteiras, de 5% registrado no final do terceiro trimestre de 2009. No Itaú Unibanco, por sua vez, o índice foi reduzido de 5,9% em 2009 para 4,3% no terceiro trimestre deste ano.
Martins, da Planner, considera que a qualidade das crescentes carteiras de crédito dos grandes bancos constitui-se em um risco, mas ressalva que as instituições devem estar medindo esses riscos “corretamente”. “As provisões estão contidas, baseadas na qualidade das carteiras”, afirma ele. “Todos são experientes e devem estar provisionando adequadamente.”

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