CONFIANÇA, MÉRITO, OPORTUNIDADE
O crédito bancário, com suas múltiplas modalidades operacionais, será concedido levando-se em conta numerosos fatores, que poderão estar sintetizados em três palavras-chaves:
CONFIANÇA
MÉRITO
OPORTUNIDADE
Confiança:é a base e o requisito essencial de toda a concessão de crédito.Aqui, estamos referindo-nos às situações financeira e comercial das empresas, ou seja, a sua tradicionalidade, aspectos morais, experiência etc.
Há ainda outros fatores que, direta e indiretamente, podem afetar o desempenho, o comportamento e a solvência da empresa e que, de forma prática e operacional, vamos analisar.
"Você não vende apenas produtos, vende também confiança"
Portanto, no caso de um novo cliente ou mesmo de um cliente tradicional, para o qual desejamos conceder alguma facilidade de crédito, haverá e necessidade de efetuar um detalhado estudo de crédito, com a finalidade de avaliarmos e quantificarmos todos os elementos que, por decisão em Comitê, poderão proporcionar a medida ideal do crédito a ser concedido, ou seja, a avaliação da "confiança" que cada cliente merece. Assim, dentro do contexto de análise de crédito, a palavra confiança passa a ser utilizada de forma mais restrita, pois estamos relacionando-a com "volume ou quantidade x qualidade".
" Você não vende apenas produtos, vende também soluções"
Desde que tenhamos preenchidos o item "Confiança", agora na prática a proposta de crédito deverá levar em conta o mérito e a oportunidade.
Mérito: toda empresa idônea e equilibrada é merecedora de crédito. A medida desse crédito, no que diz respeito à modalidade, limite (volume), prazos e garantias, será, pois, objetos de análise. Não se pode esquecer de que o reforço para o Capital de Giro de uma empresa torna-se parceiro indispensável, mas o excesso de despesas financeiras pode levá-la ao colapso.
Oportunidade: definidas a "confiança" e o "mérito", na seqüência temos a prática da "oportunidade", ou seja, o momento e a modalidade que serão mais adequados a determinado cliente. Aqui estou me referindo ao jogo do "Ganha x Ganha", de tal modo que uma operação será rentável para o banco e vantajosa para o cliente. A oportunidade deve responder as questões, como:
- é melhor utilizar serviços de uma transportadora ou fazer leasing de caminhões?
- é melhor descontar duplicatas ou oferecê-las em garantia para um financiamento?
- é mais indicado um financiamento ou um empréstimo?
- aplicações e recolhimento de tributos;
- movimento de cobrança;
- conta de funcionários.
- trata-se de um risco que nos oferece tranqüilidade?
- a linha de crédito a ser concedida oferece boa margem de rentabilidade?
Estaremos analisando em detalhe cada uma dessas possibilidades.
"O pai chama-se: Estudo
A filha chama-se Proposta"
Será conveniente efetuarmos aqui uma diferenciação básica entre um "Estudo de Crédito" e uma "proposta de Crédito" já que os "Méritos" são os mesmos, mas as "Oportunidades" são diferentes.
ESTUDO
Geralmente elaborados a cada 12 meses, o estudo de crédito é o exame crítico de todos os elementos que compõem uma relação, preferivelmente ligado à data de publicação do balanço da empresa cliente.
O "estudo" deve apresentar os seguintes elementos:
- operações de crédito em curso;
- novas linhas (limite) para o próximo período;
- caracterização da empresa (fundação, sede, filiais, capital, elevações do capital, acionistas, grupo, diretores, atividades, produtos, clientes, bancos e fornecedores);
- análise completa dos três últimos balanços, índices, comentários, balancete e faturamento atualizado;
- dados operacionais (riscos utilizados, saldos credores, cobrança, reciprocidade, experiência com o banco);
- comitê, parecer, solicitação de aprovação.
PROPOSTA
Durante a vigência de 12 meses em que se acham em curso os limites de crédito do cliente, pode ocorrer que o mesmo venha necessitar de outra operação esporádica, até mesmo para fazer frente a compromissos emergenciais, cujo processo chamaremos de "proposta".
Portanto, a proposta será elaborada para operações específicas (não enquadradas no limite já aprovado) e será analisada com base no estudo previamente elaborado e ainda vigente.
Raros serão os casos em que uma proposta será analisada sem que haja um estudo prévio embora essa hipótese exista, dependendo do "mérito" e da "oportunidade" da relação e do negócio. Assim, um estudo não comporta necessariamente uma proposta de vice-versa.
Uma proposta efetuada (no meio do caminho) durante o período de vigência de um estudo deverá conter alguns elementos acessórios, como, por exemplo:
- um balancete recente;
- dados mensais (atualizados) do faturamento;
- informações sobre os "riscos" que a empresa vem utilizando dentro do seu limite;
- contas Credores, Aplicações, Seguros e Cobranças.
Finalizando, e para que possamos manter controle dos riscos e vencimentos com as empresas, podemos estabelecer os seguintes critérios:
- vencimento interno: utilizado para o caso de Limites, cuja regra geral é de 12 meses, de acordo com a publicação do balanço da empresa cliente. Esse vencimento se refere a um controle interno (não vinculado ao vencimento de operações), ou seja, época em que serão estudados novos limites de crédito para a empresa (ou reduzidos), com base em documentos e informações atualizadas;
- vencimento fixo:diferentemente do limite, a proposta terá um vencimento fixo, que será o próprio vencimento da operação (esporádica) a ser aprovada.
um time de futebol precisa de goleiros e atacantes."
Como podemos verificar neste capítulo, o crédito é um processo dinâmico que envolve naturalmente diversos fatores, divididos em dois grandes grupos, a saber:
- fatores internos: cadastros, balanços, vendas, faturamentos, custos, modus operandi, administração etc.;
- fatores externos: economia, mercado financeiro, sazonalidade, problemas sociais, patamar de juros etc.
(Oscar M. de Moraes)
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